terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Então, vamos impedir belas palavras de serem ditas.

Como qualquer um sabe, de um certo tempo pra cá - exatos cinco anos, dois meses e quinze dias - meu pai faz apenas o que é necessário para a sobrevivência de um ser humano: dorme e come. E há exatamente um ano, cinco meses e vinte e nove dias meus pais se separaram, e com isso, meu pai parece ter reduzido suas atividades já reduzidas.
E há todo esse tempo, eu não consigo me imaginar numa vida digna e feliz com meu pai. Até porque, é completamente impossível ao menos em pensar numa coisa dessas quando se vive num apartamento todo ferrado, num condomínio que pode ser comparado facilmente ao conjunto Gropius (na verdade, só consigo comprar os dois pelo sentido mais bobo possivel: os dois tem muitos prédios, com muitos andares, muitas regras estúpidas do que se pode ou não fazer e um monte de espaço não utilizado), com um pai que não se importa ao menos se o chão está limpo ou não (o que me faz ter que passar aspirador no meu quarto - só no meu quarto, eu não vou ser empregada dele, ok - lavar o banheiro, lavar o que eu precisar (tipo, roupas, toalhas, roupa de cama...) e muitas vezes ter que limpar a cozinha, já que aquilo deve ser o cômodo mais nojento de tudo, jáááá que meu pai só conhece comida feita no olho - tirando o fricasse (?), o yaki soba, e as comidas mais normais tipo, arroz, feijão, e macarrão. - então, tudo está sempre cheio de óleo. O que não é agradável.
Bom, todos esses meus problemas com sujeira (eu cresci com uma mãe dona de casa, que fazia três faxinas por semana - duas dessas com empregada junto - que tudo estava no seu devido lugar, e a casa era tão limpa que eu não lembro de ter visto um pernilongo que fosse) só pioram com minha saúde tensa. Bom, eu tenho reações alérgicas à Sol, e ao calor, o que me faz ficar dentro de casa o tempo todo - e na maioria das vezes que eu for sair, não importa temperatura, usar calça, e tênis. A blusa de frio eu acabo ignorando na maioria das vezes, o que me faz ouvir muitas coisas dos médicos -, e ficando dentro de casa, eu estou sempre em contado com essa poeira louca. Ok, certo? Não! Além de eu ter uma necessidade básica de banheiros, cozinhas, e chão limpos, eu não posso ficar perto de poeira alguma que tananam, alergia. E pra ajudar, não podem usar produtos de limpeza com cheiro porque TANANAM, ALERGIA! Tradução? Se limpam demais, eu fico mal, se limpam de menos eu passo mal, se EU LIMPO, eu fico com febre, pressão baixa, e da última vez que eu usei cândida eu tive alucinações de tanta febre. Só não sei porque, se alergia normalmente não dá febre, mas enfim. (Eu sobrevivo na casa da minha mãe, porque apesar do excesso de limpeza, ela usa todos os produtos sem cheiro, porque ela TAMBÉM tem alergia. E a maioria deles não tem cor, tente adivinhar porque!)
Tradução de tudo isso? Depois de cinco anos vendo meu pai não fazer absolutamente NADA da vida, eu cheguei ao ponto mais extremo de todos: eu não consigo ver meu pai, com a figura que se deve ter de um pai. Eu praticamente não vejo proteção nele. Eu o vejo como alguém que fez sexo sem camisinha com minha mãe, o que fez com que nove meses depois eu nascesse, e bom, agora eu passo alguns dias com ele. Eu tenho um sentimento de amor por ele, óbvio. Mas grande parte desse amor é amor por pena. Por saber que eu sou o que ele tem. Porque minha avó está longe, aliás, todos estão longe. Ou seja, eu o amo por pena praticamente. Nós não conversamos, e eu quase sinto nojo de mim, quando tento abraçar ele. É realmente horrível!

Por favor, me diga que você consegue agora entender porque eu odeio Natal, Ano Novo, Dia dos Pais, Dia das Mães (acaba generalizando depois de um tempo), Dia das Crianças, Páscoa, e sei lá mais o que existe de datas feitas para "passar com a família"? E porque, principalmente, eu digo que meu pai me irrita com tudo? Eu realmente espero que todos entendam meu medo de família feliz e com rotinas agora.

Ponto.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

E lá vamos nós de novo.

Como sempre, faz alguma coisa, erra, e começa desde o começo, não se importante se o erro está no meio, no final, no começo. Não importa se era só apagar uma frase, ou uma letra, voltar dois segundos numa música, ela sempre refaz tudo, sentindo-se meio idiota por isso.
- Calma, desde o começo!
- Camila, não precis...
- PRECISA SIM! - respirou fundo olhando para a tela, o violão em seu colo, e voltou desde o começo, apagando tudo. Fazendo cada palavra em sua cabeça antes de digitá-la.
- A música já estava boa.
- Não importa.
- O Blog estava ótimo.
- Não estava.
- Você havia tocado certo.
- Eu demorei na segunda parte.
- Isso nem é um contra-baixo e...
- DANE-SE! Eu vou refazer tudo, e saia logo daqui.
Voltou sua atenção à tela, as cordas, aos dedos enquanto ouvia o barulho da porta bater. depois de alguns minutos ouve um som familiar.
- Me desculpe...
- Está tudo bem, eu estava irritada. - sorriu fracamente vendo tudo como ela queria que estivesse. Música razoável, as cordas tocadas perfeitamente, e o que ela via como seu reconforto, finalmente, feito como ela sempre imaginou.

Fechou o arquivo, salvando-o, e abrindo um novo documento em branco. Sorriu e voltou a escrever, sem se importar com o que era sua prioridade à poucos segundos. Lá estava ela, refazendo e fazendo as coisas, boas ou não, ela gostava daquele jeito.