segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Hora de falar sério.

Eu geralmente venho postar aqui por causa de coisas que me revoltam, fazer piadinhas sem graça que a maioria das pessoas que leem (todas as duas N) não entendem, pra divulgar minhas reflexões bobas, ou postar trechos de músicas que significam algo pra mim. Legal.
mas a real é que hoje eu decidi que vou falar sobre os meus sentimentos mais puros, aqueles que eu tento esconder até de mim mesma, aqueles que realmente me tocam de alguma maneira, aqueles sentimentos que me fizeram fazer um blog. Pra ter onde falar sobre eles. Mas eu nunca falei. Não por medo de ser julgada. mas simplesmente, porque o ânimo nunca é o bastante. O tempo nunca é o bastante. Ou eu simplesmente acho que outra coisa será mais interessante.
Mas a verdade é que de um tempo pra cá, todas as pequenas coisas que acontecem tem me ferido de uma maneira que eu não sabia que era possivel. E tudo isso vem tirado a minha vontade de ler e escrever. E isso dói em mim. Minha vida são livros, histórias, fic, bulas de remédio, rótulos de shampoos, e palavras jogadas numa mesma frase. Eu não posso ficar sem isso.
Então, sim, eu preciso escrever aqui as coisas que eu não seria capaz de colocar no meu diário (sim, eu tenho um); primeiro porque eu acharia sem lógica escrever esse tipo de coisa, num diário, lá é o lugar de colocar as coisas boas pra lembrar depois. Segundo porque eu provavelmente vou escrever MUITO, e no diário eu desanimo.

A verdade é: eu sou nostálgica, eu sou platônica, eu sou megalomaníaca, eu sou enjoada, eu não CONSIGO me divertir se não no computador, ou com minhas amigas, o que geralmente significa na escola. Eu não gosto de sair, eu NÃO QUERO sair. Eu não me importo se enquanto as pessoas da minha idade já beijaram mais de dez num dia só, eu nos meus 14 anos inteiros só beijei dois garotos. Na verdade, eu sinto orgulho de mim por isso.
Eu não me importo se enquanto as garotas da minha idade usam salto altíssimo, usam quilos de maquiagem, e tem trocentos perfumes em casa; eu só uso tênis (tênis não! Só All Star mesmo), minha maquiagem é lápis de olho, e eu não tenho um perfume se quer. (qualquer coisa com cheiro que eu uso, eu começo a espirrar. Nem o meu shampoo tem cheiro. Isso é sério!) E o maior desleixo feminino: eu não tiro a merda da sobrancelha. Mas não que seja proposital, na verdade eu tenho razões para: eu não consigo tirar eu mesma, porque se eu for, eu preciso estar de óculos, se eu tô de óculos não dá pra ver a sobrancelha. Meu grau aumentou, e eu ainda não fui fazer outro óculos, é. Minha mãe me fazia esse favor, mas eu não vejo ela nem uma vez por mês agora, haha. Eu tenho preguiça de pedir para alguém me ajudar/ir em algum lugar.
Mas eu realmente não vejo importância alguma nisso.

Porque, talvez por causa da minha "falta de feminilidade (?) mínima necessária para uma adolescente", eu cresci muito mais rápido do que as outras garotas (não que elas sejam imaturas. Eu que sou a torta, lembrem-se!), e a verdade é que quando eu tento agir do mesmo jeito que as mais maduras delas agem, eu me sinto uma criança. Me sinto num território totalmente desconhecido. E não é aquele desconhecido tipo "wow, vamos explorar, caçadores de aventuras!" (sinto que isso é de um desenho, sério), é do tipo de desconhecido que te deixa extremamente desconfortável.
Quando eu tento ouvir as coisas que muitos ouvem (erm, happy rock? Pop. RnB, e sei lá mais o que ouvem. AAAH, E JUSTIN BIEBER!) eu me sinto traindo à mim mesma.
Se eu saio pra comprar alguma coisa, me contento à dois esmaltes (sou meio viciada em pintar a unha, não em comprar esmaltes, mas sim em usá-los), e um sorvete. No máximo um chocolate ou um chiclete. É contra todas as minhas células sair pra gastar. Sair pra beber. Sair pra dançar. Eu não sei dançar! Minha mãe reclama comigo sempre que eu falo com ela, que eu fui bailarina por trocentos anos, e não sei dançar nada. Pega uma vassoura. Dança com ela. É o mesmo que dançar comigo.
Eu não me importo em ser mais rica, em ter uma casa maior, em ter uma casa própria (meus pais moram de aluguel, e aí?), eu não me importo se estou ou não dentro da moda, não me importo se tenho iphone, ipod, ipad, macbook e sei lá mais o que da apple (na real, eu AMO o meu celular verde neon cine metálico apenas na luz do sol, mas ele não tem cabo usb, não tem como colocar música, e zas. E entre comprar um celular novo, e comprar um ipod e uma camera digital, sai mais barato um celular sério), não me importo se numa hora eu escrevo certo e na outra não. Não me importo com essas coisas superficiais.
Tipo capa de trabalho. O que vale mais, um trabalho mediano com uma capa MEEEGA LEEENDA, aquela coisa com glitter, e o glitter não cola na tua mão quando tu encosta. Uma coisa de outro-mundo, OU um trabalho bom com uma capa simples, normal, sem muita viadagem ou creuzisse?
É mais ou menos assim que eu vejo as coisas. Mas não só os trabalhos, eu vejo TUDO assim.
De que me adianta (viver na cidade, se a felicidade não me acompanhar?, adeus paulistinha do meu coração, lá pro meu sertão eu quero voltar... Tá, volta Camila) ser a gata sensual arrasa na night, a mina zika nois só porta pulo-do-gato, ser a popular que todos desejam, ou qualquer outra coisa, e ser vazia? Ou menos cheia? Ou ser alienada?
Eu prefiro ser a estranha, excluída, loser, nerd, cdf, medrosa, fútil, infantil, (são as coisas que falam que eu sou, ué) e etc., e ter a mentalidade que eu tenho hoje. Me lembro de que quando eu morava com minha mãe, muitas vezes ela vinha pedir conselhos pra MIM, e não eu que ia pedir pra ela.
Eu sou tudo o que dizem, mas eu sou provavelmente a única (entre as pessoas com quem eu convivo) que consegue conversar com um adulto sem se sentir minimizada, sem se sentir inferior de qualquer maneira, sem sentir que está falando coisas bobas. Aliás, quem mais de 13/14/15 anos já ouviu alguém da família virar e falar "Sabe, eu sinto orgulho de você. Porque desde o jeito que você fala, às músicas que você ouve, às roupas que usa, aos sonhos que tem. Tudo no seu jeito de se comportar e pensar mostra que você não é como as outras pessoas da sua idade. Você é bem madura. Muito mais madura que tantos adultos por aí.", quem já ouviu um tio pedir conselho quando tava se separando? Quem cuidou de uma mãe que sofria por causa de um divórcio, que passava noites sentindo alguém chorar no seu ombro sem poder fazer nada, durante uns 8 meses? Quem de 14 anos sabe o que é perder tudo o que tinha. não no sentido "aai, meu namorado me deixou, o que eu faço, Márcia?", mas do tipo não ter dinheiro pra nada, perder todos os amigos, não ver os pais nem nos fins de semana, ficar sozinha e com medo, sem ter o que fazer pra ajudar, e continuar atrapalhando?
Desde os meus 10 anos eu sou uma adulta presa no fato de ter nascido em 1996. Desde meus 10 anos eu tenho que viver com o fato de que eu TENHO que ser capaz de viver sozinha, com medo, ou sem ele. Desde os meus 10 anos, eu tenho que lidar com problemas psicológicos.
Desde os meus 10 anos eu tenho que viver relembrando e remoendo as coisas boas e más, viver imaginando pra poder ter uma vida normal. Eu que me iludo todos os dias, achando que eu estou conversando com meus amigos, que nós estamos felizes, que eu estou fora de casa, quando na verdade eu to sentada no sofá olhando pra TV.
Eu to sempre tentando me colocar no lugar das outras pessoas, não só por ter compaixão quando elas estão mau, mas pra poder ter uma vida normal. Quando eu tive uma vida normal? Quando eu brinquei com outras crianças? Quando eu tive uma paixão que (mesmo que boba) fosse correspondida? Quando que eu tive um daqueles namorinhos bobos de primário, que as pessoas compraram balas, e ficavam as dividindo, e andando pelo pátio do colégio de mão dadas? quando eu falei "ah, vou comprar tal coisa" sai de casa, peguei um ônibus ou sai andando, comprei, andei um pouco, conheci pessoas, fiz amigos e voltei pra casa?
Sabe quando você quer sair por tudo? Aquela agonia, de querer sair desesperadamente? Então quando eu morava com a minha mãe, eu ia dar uma volta no condomínio, porque era um condomínio REALMENTE pequeno. Aqui na casa do meu pai, é um condomínio enorme (21 prédios - cada um com 15 andares -, padaria, pista de skate, biblioteca, quadra esportiva, creche e feira --- tudo isso SÓ no condomínio) eu abro a janela e fico olhando os carros. É a explosão de liberdade. E mesmo assim, eu provavelmente já vivi muito mais (não tão intensamente, mas mais mesmo assim) que muita gente. Porque eu não vivo tudo pouco me importando, tipo "pff, dane-se, amanhã vou sair/comprar de novo". A verdade é que ir no mercado (ou até mesmo na padaria, QUE É NO MEU CONDIMINIO) pra mim já é algo tão sublime, que cada detalhe é importante. É praticamente a cena do suicídio da Julieta, em Romeu em Julieta. Cada detalhe faz parte do climax da coisa toda. Tanta coisa que se eu for na portaria do prédio pegar alguma carta, eu volto tão diferente, eu esqueço o que eu tava fazendo antes. E não só por não ser tão atenta assim.
E é por isso que eu não me importo se todos os meus amigos são da internet. É por isso que eu não me importo quando as pessoas falam de mim. Não me importo com o que elas pensam. Porque ou eu to quase em estágio vegetativo, ou eu to praticamente hiperativa por ter ido comprar couve no sacolão.
Então não, o fato das pessoas me acharem estranha não me incomoda. E eu realmente estou bem assim. Eu estou feliz. Eu estou muito mais feliz assim, do que muitos que tem uma "vida normal". Então, POR FAVOR, não venha me julgar.
Não julgue o modo como cresci, não julgue o comportamento da minha família em relação à mim, não julgue o meu modo de andar ou falar. Tu pode saber meu nome, tu pode saber onde eu moro, tu pode saber minha idade. Mas tu não sabe minha história. Tu não sabe meus maiores sonhos, tu não sabe o que se passa dentro de mim. Muito menos do meu cérebro.
Aah, e também não me julgue por sonhar demais. Ou falar sozinha. É a MINHA vida, ok? E e vou viver do jeito que EU quiser. Eu tô cagando e andando pouco me fo-den-do pra ti, coisa-phopha.


Você sonhava acordada, um jeito de não sentir dor, prendia o choro e aguava o bom do amor.



Uptade básico ali huahuahuahuahuah, oi

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